Análise técnica prática de adjuvantes multifuncionais, emulsificantes e suspensantes em formulações Pó Molhável e Granulados em água dura (181 – 300 mg/L CaCO₃) e muito dura (> 300 mg/L CaCO₃).
Introdução
A eficiência operacional e a sustentabilidade ambiental no uso de defensivos agrícolas estão diretamente ligadas à qualidade e estabilidade das caldas aplicadas em campo. Porém, desafios como a decantação de formulações Pó Molhável (WP) e Granulados (WG), especialmente em condições adversas de água dura ou muito dura, podem comprometer a estabilidade química dos ingredientes ativos e, consequentemente, o desempenho de herbicidas, inseticidas e fungicidas durante a aplicação.
Diante disso, este trabalho prático foi desenvolvido para avaliar e posicionar estrategicamente adjuvantes agrícolas multifuncionais, emulsificantes e suspensantes de diferentes fabricantes, com foco em superar os principais desafios operacionais em campo. O objetivo central é identificar as opções mais eficientes dentro dos portfólios avaliados, oferecendo soluções práticas, de fácil adoção e capazes de agregar valor para os produtores clientes, ao mesmo tempo em que promovem a implementação de novas tecnologias agrícolas.
Objetivo
Este estudo teve como objetivo principal realizar uma análise detalhada dos atributos técnicos de mais de 50 formulações de adjuvantes agrícolas, desenvolvidas por empresas de destaque no setor. A avaliação concentrou-se em propriedades essenciais, como emulsificação, compatibilidade e capacidade de suspensão, visando fornecer uma compreensão aprofundada do desempenho de cada produto. Além disso, foi analisado o impacto visual dos resultados obtidos, com o intuito de destacar as formulações que oferecem um diferencial competitivo, favorecendo a tomada de decisão estratégica para a aquisição de adjuvantes na safra 2025/2026. O foco foi identificar soluções que agreguem valor aos produtores, facilitando a escolha de produtos que atendam às suas necessidades operacionais e de desempenho.
Metodologia
Estrutura dos Ensaios
Condições de Mistura: Foram realizados ensaios laboratoriais utilizando misturadores eletromagnéticos com RPM controlado, assegurando a uniformidade das condições de análise.
Águas de Diferentes Durezas: Os testes foram conduzidos com água dura (181–300 mg/L CaCO₃) e muito dura (>300 mg/L CaCO₃), simulando cenários críticos encontrados em campo.
Formulações Testadas: As formulações WP e WG foram pesadas com precisão analítica e aplicadas em volumes padronizados, garantindo a comparabilidade entre os tratamentos.
Parâmetros Avaliados
Estabilidade e Homogeneidade: Foram realizadas avaliações quantitativas e qualitativas da dispersão e suspensão das caldas ao longo do tempo. Utilizando cronômetros de alta precisão, mediu-se o tempo necessário para a completa emulsificação das formulações WG e WP. Além disso, analisou-se o tempo de permanência das partículas em suspensão e quantificou-se a fração de material sedimentado no fundo dos recipientes ao final dos ensaios, seguindo critérios rigorosos de reprodutibilidade.
Compatibilidade Física: Analisaram-se possíveis interações adversas entre os componentes das caldas, como precipitação, formação de grumos e alterações na viscosidade. Esses fatores foram monitorados de forma detalhada para garantir a estabilidade física das misturas em condições de uso prático.
Impacto Visual Superior: A avaliação do impacto visual das formulações de adjuvantes foi conduzida com base em critérios técnicos específicos, incluindo emulsificação, suspensão e compatibilidade entre os componentes. Esses parâmetros são fundamentais para garantir misturas rápidas, homogêneas e estáveis. Além disso, foi analisada a capacidade das partículas WP e WG de permanecerem em suspensão por períodos prolongados, o que é essencial para a eficácia das aplicações em campo. A avaliação visual seguiu escalas subjetivas padronizadas, fundamentadas em observações detalhadas, e foi complementada por relatórios fotográficos. Os critérios utilizados foram validados em demonstrações práticas no campo, garantindo que as formulações atendam às expectativas de qualidade percebida e desempenho, com base na aceitação ou rejeição pelos produtores e equipes operacionais.
Resultados Técnicos das Baterias de Testes de Emulsificação e Suspensão
Os resultados obtidos nas baterias de testes de emulsificação e suspensão das fórmulas foram classificados em quatro níveis de desempenho: Excelente, Bom, Médio e Ruim, com base na capacidade de emulsificação e na eficiência em manter partículas WP e WG em suspensão, minimizando a decantação.
Escore Excelente: Entre as dezenas de fórmulas avaliadas, as fórmulas 22, 27, 31 e 43 destacaram-se como exemplos representativos de desempenho excelente nos testes, demonstrando alta eficiência de emulsificação, formando sistemas homogêneos e estáveis com rápida e uniforme dispersão das fases. Além disso, demonstraram capacidade superior de suspensão, mantendo uniformidade prolongada das partículas WP e WG, com sinais mínimos de decantação observados apenas após períodos extensos de repouso. Esses resultados evidenciam que essas fórmulas são as mais indicadas para aplicações que demandam máxima estabilidade físico-química e alta eficiência prática.
Escore Bom: Dentre as várias fórmulas testadas, as fórmulas 21, 30, 40 e 47 podem ser destacadas como exemplos de boa performance nos ensaios realizados. Essas fórmulas apresentaram estabilidade moderada na emulsificação, formando sistemas homogêneos com eficiência aceitável, ainda que inferior à rapidez e uniformidade observadas no escore excelente. Além disso, demonstraram capacidade satisfatória de suspensão, conseguindo manter as partículas distribuídas de maneira razoável por um período adequado, embora apresentassem leve tendência à sedimentação em tempos prolongados. Essas fórmulas atendem bem às condições operacionais usuais, mas podem apresentar limitações em situações mais extremas.
Escore Médio: As fórmulas 41, 44, 53 e 55 são exemplos representativos de desempenho intermediário nos testes. Essas fórmulas apresentaram eficiência limitada de emulsificação, com homogeneização mais lenta e menor estabilidade ao longo do tempo. Além disso, demonstraram capacidade moderada de suspensão, com maior tendência à decantação das partículas WP e WG. Embora sejam aplicáveis em cenários de menor exigência, essas fórmulas podem comprometer a qualidade operacional em aplicações que demandem estabilidade prolongada.
Escore Ruim: As fórmulas 25, 29, 34 e 49 são exemplos que obtiveram os piores resultados nos testes, caracterizadas por baixa eficiência de emulsificação, com formação de sistemas heterogêneos e instáveis e separação das fases em curto intervalo de tempo. Além disso, apresentaram capacidade deficiente de suspensão, com rápida decantação das partículas WP e WG, comprometendo a uniformidade da aplicação. Essas fórmulas não entregam resultados satisfatórios e não justificam o investimento por parte dos produtores, especialmente em aplicações que exigem alta estabilidade e desempenho.
Resultados e Discussão
Os ensaios laboratoriais permitiram identificar formulações de adjuvantes com desempenho superior em cenários críticos. Os principais destaques incluem:
Melhoria na Estabilidade das Caldas: As formulações mais eficazes mantiveram a homogeneidade por períodos prolongados, mesmo em águas muito duras.
Redução de Decantação: Adjuvantes com propriedades suspensantes demonstraram menor sedimentação de partículas, favorecendo uma aplicação uniforme.
Facilidade de Manuseio: Produtos que formaram caldas visualmente claras e livres de resíduos facilitaram o preparo, reduzindo o tempo de mistura e aumentando a confiança do operador.
Esses resultados destacam o impacto visual como um elemento estratégico na comunicação de benefícios técnicos aos clientes. Uma calda homogênea e de aparência limpa transmite confiança e agrega valor ao produto, influenciando positivamente a decisão de compra.
Conclusão
O trabalho realizado fornece subsídios técnicos e visuais fundamentais para a geração de demanda no mercado de adjuvantes agrícolas. Ao alinhar eficiência técnica, impacto visual e facilidade de uso, as formulações destacadas tornam-se ferramentas estratégicas para encantar os clientes e posicionar as empresas contratantes como líderes em tecnologia de aplicação. Ao oferecer soluções que otimizam a sustentabilidade e a eficácia operacional, este estudo reafirma o compromisso com a inovação no setor agrícola e com a entrega de resultados que superem as expectativas dos produtores.
Próximos Passos
Validações em Campo: Ampliar os ensaios para cenários reais de aplicação, com foco na prática de mistura das formulações WP e WG, abrangendo diferentes níveis tecnológicos. Os testes serão realizados tanto em condições mais simples, com misturas rústicas diretamente nos tanques dos pulverizadores, quanto em operações de maior escala, utilizando equipamentos de prémistura de caldas equipados com sistemas avançados de pré-filtragem. Esta abordagem garantirá a versatilidade das soluções para atender a diversos perfis de operação.
Treinamentos e Demonstrações Práticas: Organizar eventos especializados em campo, em parceria com as empresas contratantes, com o objetivo de capacitar suas equipes operacionais quanto ao uso otimizado dos adjuvantes. Durante as demonstrações, será possível evidenciar os benefícios técnicos e visuais das formulações, reforçando a confiança e a satisfação dos clientes, além de fortalecer o posicionamento estratégico da empresa como referência em inovação e qualidade no setor.
Monitoramento de Resultados: Acompanhar a implementação das tecnologias avaliadas diretamente nos campos de operação, monitorando o impacto nos resultados de produtividade e sustentabilidade. O feedback contínuo de produtores e equipes operacionais será documentado, visando não apenas a validação dos produtos, mas também o aperfeiçoamento contínuo, assegurando a excelência das soluções desenvolvidas e sua aceitação no mercado.
Engº Agrº Manoel Ibrain Lobo Junior
Treinamentos em Tecnologia de Aplicação Aérea e Terrestre
Auditor GlobalGAP IFA – Boas Práticas Agrícolas
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